*Por Maria Celisa Meirelles Barbalho
Vamos refletir sobre o mistério e a dádiva que existe em torno do orgasmo
feminino. Porque algumas mulheres são extremamente orgásticas e outras
não se soltam? Orgasmo tem a ver com fantasia, hormônios, estimulação,
intimidade? Que mecanismo impede as mulheres de se abandonar ao gozo?
Podemos atingir o orgasmo sozinhas, pela masturbação, ou com o parceiro
ou a parceira. Há quem diga que masturbar-se é sem graça e é pecado.
Porém, uma festa consigo mesma pode ser restrita, mas ainda assim é uma
festa!
"O orgasmo é uma experiência única, manifestação do todo da mulher e depende de suas condições físicas, emocionais e da qualidade da relação. A consciência do desejo é o start desse processo."
Do ponto de vista fisiológico, quando estamos excitadas, a temperatura do
corpo aumenta, o ritmo cardíaco acelera e mais sangue é levado a todo o
corpo; os músculos da zona genital se movem, o clítoris se expande e a
vagina lubrifica preparando-se para a penetração; ficamos vermelhas no
rosto e nas zonas erógenas. Com o aumento da excitação, o coração acelera
ainda mais e há uma maior irrigação de sangue; os pontos de prazer -
clítoris, seios e bicos dos seios - se inflamam e ficam mais duros. A
estimulação das preliminares e a penetração levam nossos músculos a
ficarem cada vez mais tensos. A chegada do orgasmo representa a liberação
de uma série de substâncias (ocitocina, serotonina, vasopressina), que
diminuem a tensão, dando lugar a uma onda de prazer. As paredes vaginais
contraem brevemente, as pupilas dilatam, nos entregamos às sensações que
invadem bruscamente nosso corpo. A liberação das substâncias químicas
nos fazem sentir mais próximas ao parceiro. Devido ao sangue presente na
zona vaginal e a grande sensibilidade do clítoris, somos capazes de atingir
outro orgasmo em breves minutos, se a estimulação continuar.
O orgasmo é uma experiência única, manifestação do todo da mulher e
depende de suas condições físicas, emocionais e da qualidade da relação. A
consciência do desejo é o start desse processo. A intimidade do contato
com o parceiro facilita a liberdade e a criatividade levando a mulher a se
entregar às sensações, sentimentos e fantasias sexuais. Os movimentos
próprios da busca do prazer são uma consequência. Está na nossa natureza.
É um momento onde se perde a noção de tempo, espaço e de quem somos
naquele instante. Quando nos sentimos à vontade com nosso corpo e o do
parceiro, fundimo-nos um no outro. Nada mais interessa! A plenitude e a
serenidade imperam! Entretanto, a preocupação excessiva em chegar lá,
bloqueia o orgasmo. O (a) parceiro (a) pode criar condições, mas é a
mulher que se libera ou trava. A capacidade biológica de atingir o orgasmo
é inerente à toda mulher. É instinto!
"...muitas mulheres sofrem de anorgasmia, ou dificuldade em atingir o orgasmo. Na grande maioria, isso se relaciona a problemas no relacionamento, como falta de confiança e luta de poder."
Vários estímulos podem levar a mulher ao orgasmo: a penetração vaginal, a
estimulação do clítoris, do ponto G, ao receber o sexo oral, a penetração
anal, a estimulação do bico dos seios. Grande parte das mulheres permite
ao parceiro somente a penetração vaginal. Outra parte consegue atingir o
orgasmo na penetração anal. Algumas até sentem maior excitabilidade
sexual quando estimuladas e penetradas nessa área e a praticam tanto
quanto a penetração vaginal.
Algumas mulheres têm pouca sensibilidade nos seios, enquanto outras são
extremamente sensíveis às carícias nessa região. Os seios são fonte de
nutrição e vida, essenciais na amamentação dos bebês, assim como geram
enorme prazer fora desse período. Quando os seios da mulher são
acariciados, apertados, sugados, mordidos pelo parceiro, geram uma
elevada excitação podendo levar ao orgasmo. Quando a mulher se toca
nessa região privilegiada por terminações nervosas, ela pode sentir a força
das sensações provocadas no corpo todo. Pesquisas recentes comprovam
que é possível chegar ao orgasmo somente com estímulos nos mamilos. A
descoberta foi feita a partir de imagens de RM feitas com mulheres que se
masturbavam enquanto seus cérebros eram monitorados. Orientadas a
estimular apenas seus mamilos, a atividade cerebral comprovou que o
estímulo dessa região ativa a mesma parte do cérebro conectada à
estimulação genital, o córtex sensorial genital. Os homens também são
capazes de obter o mesmo resultado.
Algumas mulheres descrevem sensações orgásticas de explodir,
enlouquecer, desmaiar, perder as forças, sentir as pernas bambas, sentir
forte tontura, o corpo retesado, em convulsão, o prazer da penetração e a
explosão. Entretanto, muitas mulheres sofrem de anorgasmia, ou
dificuldade em atingir o orgasmo. Na grande maioria, isso se relaciona a
problemas no relacionamento, como falta de confiança e luta de poder.
Pode ocorrer que a mulher atinja o orgasmo somente na masturbação mas
não se solte com o parceiro. Em geral fazem do sexo uma moeda de troca,
por exemplo: só me abro ao sexo se você fizer isso, aquilo e aquilo outro…
e a maior parte das vezes a maior perdedora é ela…porque sexo é vida e
quando vivido numa relação de confiança e soltura melhor ainda.
"Para Lowen, o orgasmo é indicador de saúde emocional, representando a capacidade de reunir consciência e inconsciência, ego e corpo, afeto e agressão numa resposta total. Jovanotti em uma de suas canções afirma: A vertigem não é medo de cair, mas desejo de voar."
É observável o impacto da vivência do orgasmo feminino. A mulher que se
envolve num relacionamento amoroso-sexual tem vitalidade e firmeza;
todo seu ser é testemunha; seus olhos brilham, sua pele tem viço e cor, seu
tônus muscular é forte, sua voz é firme e decidida, tem amor e compaixão
pelos outros; encara a vida e seus obstáculos com coragem; tem bom
humor e autoestima, acredita e confia em si e nos outros. Participar do sexo
ativamente é uma atitude que supõe maturidade, saber o que se quer e ter
consciência de que isto representa saúde física, mental e emocional.
A mulher que não consegue se engajar num relacionamento satisfatório
também mostra isso no próprio corpo. Carece de graça e bem-estar, está
sempre mal humorada e infeliz, espalha amargor ao seu redor. Preocupa-se
demasiadamente com a vida dos outros, sem ser dona de si mesma. Culpa o
mundo por seus infortúnios. São pessoas mal-amadas: não se amam e nem
amam os outros. Quando ela não se entrega ao parceiro e ao momento, a
sensação orgástica pode ficar comprometida. Ela assume uma atitude de
observadora durante a relação sexual. A necessidade de controlar a situação
pode levar o homem a disfunções sexuais.
Para Lowen, o orgasmo é indicador de saúde emocional, representando a
capacidade de reunir consciência e inconsciência, ego e corpo, afeto e
agressão numa resposta total. Jovanotti em uma de suas canções afirma: A
vertigem não é medo de cair, mas desejo de voar.
E agora que você chegou até o final do artigo, que tal se permitir voar?
*Maria Celisa Meirelles Barbalho
Gestalt-terapeuta, Especialista em Sexualidade Humana e Psiconeuroimunologia.
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